Universo das pessoas que sabem o que é o tema, ainda é muito pequeno
Por incrível que pareça, o universo das pessoas que entendem o que é responsabilidade social ou sustentabilidade ainda é muito pequeno. É difícil para nós acreditar na afirmação acima porque o assunto passa por nossas mãos diariamente que nem damos conta da falta de informação sobre o tema.
Na minha cabeça o assunto já era bastante discutido e não precisaria de explicações para quem quer que fosse principalmente para profissionais de níveis gerenciais em grandes corporações. Quando o assunto em pauta - seja em uma conversa informal ou de negócios - se trata de sustentabilidade ou responsabilidade social, ouvimos as seguintes frase “...é, esse tema é a bola da vez”; “é um assunto que dá dinheiro”; ou ainda “é o futuro dos negócios”, mas nem todos sabem o que de fato isso significa.
A falta de informação é latente tanto que, na grande mídia, o espaço destinado a assuntos voltados à sustentabilidade é bem pequeno ou quase nada. Pouco se ouve ou se lê a não ser quando existe alguma campanha filantrópica específica. Além disso, a confusão entre o tema sustentabilidade e a filantropia ainda é comum. Apenas os veículos especializados é que dão destaque e valorizam cada detalhe do conjunto de ações ou, metaforicamente falando, os ingredientes que são utilizados para fazer ‘bolo sustentável’. Esses ingredientes são chamados de stakeholders.
Os stakeholders são os funcionários, os clientes, os fornecedores, a comunidade do entorno, o meio ambiente, os relacionamentos, os serviços, a produção, a matérias-prima, os governos, enfim, todos os elos que precisam estar bem alinhados nesta corrente e que proporcionarão sucesso e perenidade à corporação.
É cada vez maior o número de empresas que se importam com o tema e produzem anualmente os seus, ainda pouco conhecidos, relatórios de sustentabilidade. As grandes corporações que mantém negócios globalizados, já produzem esses relatórios onde constam informações gerais sobre a empresa, os seus resultados no que se refere às suas ações sociais, ambientais, sobre seus relacionamentos e de seus pares. É claro que isso não só uma coisa bonitinha de se ver, mas, geralmente essas informações são utilizadas estrategicamente para relacionamentos, parcerias, fusões, entre outras formas de negócios. Por exemplo: recentemente pudemos observar um grande número de Ofertas Públicas de Ações (IPOs) na Bovespa. Porém, para atrair capital estrangeiro, muitas empresas tinham de se adequar às regras do mercado de ações que estabelecem algumas exigências, entre elas, padrão internacional contábil e transparência apontada através dos relatórios de sustentabilidade. Muitos investidores internacionais não aplicam seu capital em empresas que não são socialmente sustentáveis. Um modelo padrão de relatório tem de constar informações sobre ambiente, uso de recursos hídricos, segurança, saúde, análise socioeconômica, entre outros.
Por outro lado, há um ponto negativo dentro de muitas corporações. Alguns estudos apontam que as pessoas de decisão dentro das companhias afirmam não ter tempo para a leitura das mais de 400 páginas dos relatórios de sustentabilidade. Muitos defendem modelos padrões de relatório que contenham informações básicas, fáceis de serem traduzidas e absorvidas.
O fato é que, apesar de o crescimento anual do número de empresas que se dedicam ao tema sustentabilidade - inclusive destinando parte dos recursos orçamentários para este setor- ainda é grande o universo das companhias, das pessoas e dos meios de comunicação que pouco ou nada conhecem sobre o assunto. Também sei que, como formador de opinião, tenho parcela de culpa nisso. Porém, faço trabalho de formiguinha e sempre tento, de alguma forma, levar a informação adiante.